quarta-feira, 29 de maio de 2013

O pacto por São Luís

Editorial Jornal Pequeno – 28/05/13
A província dos casarões coloniais, dos becos e ladeiras, dos azulejos multifacetados que era São Luís, se tornou metrópole. Agigantou-se em todas as direções, ganhou dezenas de novas avenidas e conjuntos habitacionais e dezenas de bairros e favelas nasceram com o êxodo rural que explodiu a partir dos anos 80.
A cidade agora tem mais de 1 milhão de habitantes, tem mais carros do que cabe dentro dela, prédios modernos, shoppings, empresas multinacionais, edifícios de vidro e uma montanha de problemas a serem solucionados pela administração.
São milhares de ruas que nunca viram asfalto e outros milhares em que o asfalto se desfez, é a mobilidade urbana que se conflagra no ir e vir das multidões apressadas na luta pela vida, a falta de emprego e a produção encolhida na zona rural.
Também a falta d’água, de energia em muitas áreas e o Sistema Municipal de Saúde que emparedou nos Socorrões enquanto a cidade crescia e o número de doenças e de pacientes se multiplicava; enfim, São Luís é um desafio monumental para qualquer gestão pública e precisa da união de todos, da maior autoridade ao cidadão comum, para realmente se definir como metrópole e como uma das mais atrativas cidades turísticas do Brasil que é.
Ao lançar o Pacto por São Luís, mais que a urgência de reconstruir a cidade em seus aspectos físicos, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior vê a necessidade de reconstruir a autoestima do cidadão, de tornar a cidade num território de direitos, como diz. Todos os direitos a uma melhor qualidade de vida, laborando uma gestão compartilhada com a iniciativa privada, o governo federal, o empresariado, o governo estadual, o cidadão comum. A sociedade, assim, assume o controle de seu destino, pois se trata aqui de democracia participativa, algo inédito em São Luís, destinada também à retomada da confiança dessa mesma sociedade na gestão pública.
O Pacto por São Luís foi lançado ontem (27), na Assembleia Legislativa. Infelizmente, a guerra tribal que trava o governo do Estado contra São Luís, mais uma vez falou mais alto e o governo não se dignou sequer a enviar um representante para participar do lançamento desse esforço conjunto dos ludovicenses pela cidade que amam.
Alguém que pelo menos dissesse o que o Estado pode fazer ou como pode ajudar; se para nada, pelo menos para o soerguimento da cidadania da população; se para nada, pelo menos para não se manter à margem de decisões e soluções que buscam fazer de São Luís a cidade que todos queremos e ainda não tivemos.
O governo do Estado vai ficar fora de um programa de recuperação que vai além do planejamento estratégico, que inclui o planejamento participativo, fora de um programa de metas e resultados que busca o melhor para um povo que ele também governa. Todos os segmentos da sociedade estavam lá representados.
O auditório Fernando Falcão encolheu com tantos participantes, porque são muitos os que querem dizer, os que querem fazer, os que precisam que seja feito. Só o governo do Estado não quis dizer nada, não quer fazer nada. Só o governo do Estado não quer que nada seja feito por São Luís.

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